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Acordar com despertador: um sinal de sono insuficiente, explica Monica Andersen

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Você já parou para pensar na forma como acorda pela manhã? Lidar com despertadores pode ser um reflexo de uma noite mal dormida, segundo a especialista em sono, Monica Andersen. Em um bate-papo esclarecedor na CasaFolha, Andersen, que é diretora do Instituto do Sono e professora da Unifesp, ressalta que o ideal é acordar naturalmente após um descanso reparador. Quando um alarme se torna necessário, essa é uma indicação clara de que a qualidade ou a quantidade do sono não estão em níveis ideais. Este artigo explora as implicações da dependência do despertador e como isso pode impactar nossa saúde e bem-estar.

A ciência por trás do sono e seus ciclos naturais

O sono é um estado biológico essencial para o nosso funcionamento cotidiano. Definido como um período de repouso físico e mental, o sono é vital para processos como a consolidação da memória, regeneração celular e manutenção do equilíbrio hormonal. Segundo Monica Andersen, o ser humano geralmente necessita de cerca de oito horas de sono para operar de maneira otimizada. Contudo, essa necessidade pode variar individualmente devido a fatores como idade, genética e estilo de vida.

Existem diversos ciclos de sono que compõem uma única noite de repouso. O sono é dividido em várias fases, incluindo o sono REM (Movimento Rápido dos Olhos) e o sono não REM. Durante o sono REM, que ocorre em ciclos aproximadamente a cada 90 minutos, o cérebro se torna altamente ativo, e é nessa fase que ocorrem os sonhos. Por outro lado, no sono não REM, o corpo se recupera fisicamente e o sistema imunológico fortalece suas defesas.

Entender esses ciclos é crucial, pois um sono interrompido pode levar a efeitos adversos no funcionamento mental e físico. A interrupção do ciclo natural de sono pode causar uma sensação de fadiga e mal-estar, refletindo diretamente na disposição e na produtividade do dia seguinte.

Como o sono insuficiente afeta a saúde física e mental

A falta de sono não é apenas uma questão de cansaço. Ela está associada a uma série de consequências negativas tanto para a saúde física quanto mental. De acordo com estudos recentes, a privação prolongada do sono pode ser um gatilho para problemas como depressão, ansiedade e várias condições de saúde crônicas, como obesidade e doenças cardíacas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os distúrbios do sono como uma epidemia global, afetando milhões de indivíduos em todo o mundo.

Além disso, a pesquisa aponta que a privação de sono contribui para a deterioração das funções cognitivas, como a memória e a concentração, aumentando o risco de acidentes e diminuição da qualidade de vida. Um estudo mencionou que as pessoas que dormem menos de seis horas por noite têm um risco significativamente maior de apresentar problemas de saúde, tornando evidente a relação direta entre sono inadequado e saúde deficiente.

O papel dos despertadores na nossa rotina

Os despertadores têm um papel controverso na nossa relação com o sono. Enquanto eles cumprem a função prática de nos acordar, também podem simbolizar a disfunção na qualidade do nosso repouso. Quando um desperte se torna imprescindível, é um sinal claro de que não conseguimos descansar adequadamente. Comumente, o uso indiscriminado do alarme implica que o indivíduo não completou os ciclos necessários de sono, acordando em uma fase não ideal.

Acordar com um alarme pode ser um fator estressante, interferindo no humor e na disposição ao longo do dia. Além disso, a interrupção abrupta do sono pode gerar uma condição conhecida como “inércia do sono”, que é a dificuldade momentânea de transição entre o estado de sono e vigília. A utilização constante de despertadores, portanto, pode exacerbar a crise na qualidade do sono e, por consequência, afetar a saúde mental e física do indivíduo.

Estatísticas sobre sono e suas implicações sociais

Dados estatísticos recentes revelam que uma parcela significativa da população sofre com dificuldades para dormir. Pesquisas apontam que quase 72% dos brasileiros relatam enfrentamentos com distúrbios de sono, o que levanta um alerta sobre o impacto social dessa questão. Os problemas de sono não afetam apenas o indivíduo, mas também têm repercussões nas relações interpessoais e no ambiente de trabalho.

A privação do sono, além de trazer riscos à saúde, tem sido associada a altas taxas de absenteísmo e queda na produtividade. Em algumas empresas, o aumento do estresse relacionado à falta de sono tem gerado um efeito dominó, culminando em menos eficiência e maior dificuldade para manter um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional. Portanto, o sono, um elemento essencial, se transforma em uma preocupação que merece atenção e discussão na esfera pública.

Dicas para melhorar a qualidade do sono

Melhorar a qualidade do sono não precisa ser um bicho de sete cabeças. Adotar boas práticas de higiene do sono pode fazer toda a diferença. Algumas sugestões incluem:

  • Estabelecer uma rotina de sono: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, mesmo nos finais de semana.
  • Criar um ambiente propício: Garanta que seu quarto seja escuro, silencioso e com uma temperatura agradável.
  • Evitar telas antes de dormir: A luz azul emitida por celulares e computadores pode interferir na produção de melatonina, o hormônio do sono.
  • Limitar substâncias estimulantes: Evite cafeína e nicotina algumas horas antes de dormir.
  • Praticar atividades relaxantes: Meditação, leitura ou um banho morno podem ajudar a preparar seu corpo para o sono.

Essas dicas devem ser vistas como pontos de partida para cultivar uma rotina de sono que favoreça o bem-estar e a saúde a longo prazo. Afinal, cuidar do sono é cuidar de si mesmo.

Entendendo o relógio biológico individual

Quando falamos sobre o sono, é crucial entender o conceito de relógio biológico, que nada mais é do que o nosso ritmo circadiano. Esse estilo de tempo interno, que regula não só o sono, mas também funções metabólicas, hormonais e comportamentais, é único para cada indivíduo. Ele se adapta a diversos fatores, como luz solar, temperatura e rotina diária. Por isso, uma pessoa que se considera uma matutina pode ter um funcionamento completamente diferente de um notívago.

De acordo com a especialista Monica Andersen, respeitar essa individualidade é fundamental para garantir uma boa qualidade de sono. Ao contrário do que muitos pensam, não devemos nos forçar a moldar nossos horários. Assim como um relógio, precisamos estar em sintonia com nosso mecanismo interno, permitindo que nosso corpo escute suas necessidades reais. Um estudo publicado pela Instituto do Sono mostra que respeitar nosso relógio biológico pode ser decisivo para uma vida mais saudável e produtiva.

As consequências da privação de sono

A privação de sono traz consequências que vão muito além do cansaço matinal. Estudos demonstram que a falta de sono adequado pode levar a sérios problemas de saúde, como hipertensão, diabetes, e até distúrbios mentais, como ansiedade e depressão. A professora Andersen menciona que o sono de qualidade é vital para a função imunológica e para a regulação do metabolismo, o que impacta diretamente na nossa capacidade de lidar com o dia a dia.

Quando dormimos menos do que o corpo precisa, os níveis do hormônio cortisol aumentam, o que gera uma sensação de estresse constante e a luta contra essa fadiga crônica

. Um estudo da Organização Mundial de Saúde indicou que cerca de 40% da população brasileira sofre de algum tipo de distúrbio do sono, refletindo a importância de uma conscientização sobre este tema.

Monica Andersen e suas contribuições para a medicina do sono

Monica Andersen, uma das principais vozes sobre saúde do sono no Brasil, acumula uma extensa carreira na medicina do sono. Diretora do Instituto do Sono e professora na Unifesp, seus estudos têm impactado significativamente a forma como encaramos a importância do sono. Através de suas pesquisas, ela revelou que o sono de qualidade é um fator essencial para a manutenção da saúde física e mental.

Com mais de 600 publicações em revistas científicas, Andersen é frequentemente citada para falar sobre os riscos associados à má qualidade do sono, enfatizando a necessidade de um tratamento multidisciplinar para problemas relacionados ao sono. Seus cursos não apenas abordam a teoria, mas também oferecem dicas práticas que visam melhorar os hábitos noturnos, promovendo uma verdadeira transformação na vida das pessoas.

O que a pesquisa diz sobre hábitos de sono nos brasileiros

Pesquisas recentes apontam que os brasileiros estão cada vez mais desregulados em relação aos seus hábitos de sono. Com a crescente carga de trabalho, uso excessivo de tecnologia e influências culturais que confundem os horários de dormir, é alarmante ver como isso afeta o bem-estar da população. Uma pesquisa do Senado Federal revelou que distúrbios de sono afetam quase a metade da população brasileira, com um aumento considerável durante e após a pandemia.

As alterações nos hábitos de sono têm sido evidenciadas por meio da quantidade de tempo que as pessoas dedicam às redes sociais e outros conteúdos eletrônicos antes de dormir, o que compromete a qualidade do sono. Portanto, a conscientização e a educação em torno do sono estão se tornando cada vez mais necessárias nas escolas e comunidades.

Convertendo hábitos ruins: a importância da higiene do sono

A higiene do sono é um conjunto de práticas que contribuem para melhorar a qualidade do sono. Assim como escovamos os dentes diariamente, precisamos ter rituais que sinalizem para o nosso corpo que é hora de dormir. Isso inclui criar um ambiente propício, evitar substâncias como cafeína e eletrônicos antes de dormir, e estabelecer uma rotina que favoreça o relaxamento.

Segundo o Portal Drauzio Varella, algumas dicas eficazes incluem manter um horário irregular para acordar e dormir, evitar refeições pesadas antes de deitar, e praticar atividades relaxantes, como a meditação. Adotar essas práticas não só proporciona um sono mais reparador, mas também transforma o estado de alerta durante o dia, promovendo um ciclo de bem-estar contínuo.

Reflexões Finais: A Arte de Acordar

O despertar diário com o estridente toque de um despertador, muitas vezes visto como um mero ritual da rotina moderna, revela-se um indicativo profundo de nossos hábitos de sono e saúde geral. Nossa conversa com Monica Andersen nos leva a repensar como, na verdade, o ato de acordar se entrelaça com a qualidade do nosso descanso e, por extensão, com o tônus da nossa vida. A dependência de alarmes não é só um sinal de falta de sono; é um convite à reflexão sobre como vivemos, trabalhando em desacordo com nossos ritmos naturais. Assim, ao invés de invertermos o ciclo vital, talvez seja hora de dar ouvidos ao que nosso corpo nos comunica, respeitando os próprios ciclos que nos impulsionam a viver. E você, caro leitor, qual é a sua relação com o despertador? Está na hora de deixá-lo de lado e permitir-se acordar naturalmente, como um novo dia que se anuncia vibrante e pleno? O futuro do nosso bem-estar pode estar mais perto do que imaginamos, bastando apenas abrir os olhos, sem a pressa artificial do alarme. Afinal, a qualidade de vida que buscamos está intimamente ligada à nossa conexão com as necessidades do nosso próprio corpo. Um convite à auto-reflexão e à mudança de hábitos se faz urgente e necessário. Que tal começarmos hoje?

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